sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Conto 0005 Fake people

Trinity era pra mim a mulher perfeita, quando eu contava pra ela o que fazíamos na internet ela dava gargalhadas, eu realmente não sabia se ela entendia o que eu dizia, mas, como ela sempre sorria eu pensava que ao menos ela achava interessante.

Conhecemo-nos no IRC, muitos anos atrás, através de programa de mensagem instantânea, passávamos boa parte do nosso tempo, ela era muito tímida e não tinha webcam por conta disso, não ficava a vontade de se mostrar na web. Eu entendia, afinal, uma jovem que vivia na internet, deveria em fim ter constrangimento ao vivo, coisa que eu definitivamente não tenho.

Mas, ao passar dos anos, eu realmente queria conhece-la pessoalmente, afinal, nunca tinha visto ela na webcam e ela não topava da gente se ver ao vivo, esse relacionamento estava me tirando do sério, porque eu realmente queria ver a Trinity, tocá-la, acaricia-la, sabe como é, ter aquele encontro mais intimo, porém, ela sempre negava essa possibilidade e me dizia que no tempo certo, nos veríamos.

Nós éramos o casal de nosso grupo social em nosso site de relacionamentos, todos queriam se amar virtualmente como nós o fazíamos, nos tornamos referência para um grupo enorme de pessoas, eu gostava tanto dela, as vezes tinha sonhos totalmente calientes ao seu lado e acordava todo suado.

Um grupo de hackers sempre atacava nossos servidores, parece que eles sabiam como agíamos, onde agiríamos e o que faríamos, como responsável pela guerra eu ficava constrangido na frente dos meus amigos, por não poder conter a maioria da invasão deles em nosso domínio, o que eu queria saber, era como eles sabiam?

Morte veio conversar comigo e perguntou se eu já tinha visto essa minha namorada virtual, eu disse que não e ele disse uma frase que mudou o rumo de nossas vidas:
<Morte> Guerra, se liga, essa mina é um fake!
<Guerra> Fake que porra é essa?
<Morte> Essa mina é um cara, se passando por mina, pegando suas informações e passando pro nosso grupo rival!
<Guerra> Calmaí Morte, vc só pode estar brincando, eu conheço ela, conversamos a anos!
<Morte> Já viu ela na webcam?
<Guerra> Não!
<Morte> Pessoalmente?
<Guerra> Não!
<Morte> Trate de rastrear esse fake, eu tenho que lhe ensinar uma lição!
<Guerra> Cara, vc tá ficando paranoico, não tem nada a ver!
<Morte> Tudo bem, vc não fará, eu o farei!
<Guerra> Tudo bem, conheço o seu “eu farei”, tudo bem, vou investiga-la!

Aquelas coisas que Morte me disse, ficaram ecoando em minha mente, não consegui dormir, fui analisar meu relacionamento com Trinity e ele estava completamente certo, eu não a conhecia. Decidi então tentar sondá-la antes de rastreá-la:

<Guerra> Oi meu amor, tudo bem com você hoje?
<Trinity> Tudo, estou arrumando a casa está uma bagunça!
<Guerra> Vida, eu estou no limite, tenho que te ver pessoalmente, se não fico louco, após todos esses anos eu mereço isso!
<Trinity> Amor, já te falei, só quando me sentir preparada!
<Guerra> Bem, quando você se sentir preparada, pode ser tarde demais!
<Trinity> Isso é uma ameaça?
<Guerra> Simplesmente estou de saco cheio desse romance virtual, eu tenho desejos carnais, que vão bem mais além que letras em uma tela de computador!
<Trinity> Vida o que é isso?
<Guerra> Você tem 48 horas pra pensar em me ver ao vivo ou terminar tudo!

Desliguei a conexão e comecei a rastrear a ligação, pra minha surpresa Trinity morava perto de minha casa, me enganou durante todos esses anos, quase minha vizinha e eu não sabia disso, meu envolvimento emocional afetou meu intelecto e me fez acreditar em uma coisa, que talvez nunca existiu, chamei Morte para irmos no tal endereço.

Ficamos lá observando, até que saiu o Mário, um dos alunos que eu expulsei da aula de monitoria da universidade, pensei que ele poderia ser irmão da Trinity, passamos o dia todo ali, Mário saiu e entrou, saiu e entrou, foi me dando um enjoo, um mal estar, um frio na coluna e Morte dizendo que era ele, eu não queria acreditar naquilo, então o seguimos.

Em uma rua sem movimento, parei o carro, Morte desceu do carro, deu uma coronhada na cabeça dele e o jogou no porta malas do carro, seguimos para o sítio dos pais de Morte, ficava afastado da cidade, chegando lá tiramos Mário do porta malas e o amarramos em uma cadeira, jogamos água na sua cara e ele acordou, então começamos o interrogatório:

 <Guerra> Olá Mário, tudo bem?
<Mario> O que é isso Bruno? Que porra é essa ?
<Guerra> Queremos saber se você tem irmã?
<Mario> Cara, vou te jogar a real, não me batam, Trinity sou eu!
<Guerra> Seu filho da putaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Nesse momento me descontrolei pulei em cima de Mário e comecei a bater nele sem piedade e Morte só observando e sorrindo, não fez nada pra me impedir, o ódio tomou conta de mim, bati sem piedade nele, até ele desmaiar, olhei pra Morte e disse:

<Guerra> Droga cara, acho que o matei!
<Morte> Calma, deixa eu ver os sinais vitais, não, ele está respirando e o coração batendo, ele desmaiou
<Guerra> Meu Deus, o que foi que eu fiz?!?!
<Morte> Calma, é a primeira vez que faz isso?
<Guerra> Nunca bati em ninguém fora do tatame da academia!
<Morte> Relaxa, eu faço isso quase todo dia, lembra qual é minha função nos cavaleiros?
<Guerra> Cara, não sei o que estou sentindo, uma mistura de nojo, com ira, ódio, tudo junto, esse filho da puta me enganou anos da minha vida, sinto vontade de mata-lo!
<Morte> Relaxa brother, sem mortes ok? O único que mata aqui sou eu!
<Guerra> Cara, eu amava uma mulher que nunca existiu e era um homem! Porra, tu sabes o que é isso?
<Morte> Não conto muitos detalhes da minha vida privada aos outros, mas, já espanquei um quase até a Morte, por fazer comigo o mesmo que fez com você, só que eu descobri em uma semana, então não sei como seria anos!
<Guerra> Cara vou matar ele!
<Morte> Mano, relaxa calmai, não faça isso, não vale a pena!
<Guerra> Esse desgraçado...
<Morte> Bruno, calma porra, se controla!!!
Enquanto isso Mário acorda:
<Mário> Pelo amor de Deus, não me batam mais, eu conto tudo!

Essa frase soou como o “Abre-te Sésamo”  aos nossos ouvidos, ficamos ali por horas ouvindo Mário relatar tudo, o começo foi na faculdade, nós administrávamos o sistema e todos queriam fazer isso, um grupo de Mário e seus amiguinhos estavam fuçando direto em nosso domínio, até que um dia eu o expulsei da sala de monitoria, foi onde tudo começou.

Eles então se voltaram contra nós, tentando nos derrubar a qualquer custo, fazendo todo tipo de ação pra tentar nos tirar do sistema, essa guerra perdura até hoje, eles passaram a se auto intitular como Escória, uma analogia ao modo que os tratávamos dentro da universidade e com isso nos perseguir até o dia de hoje.
Eu e Morte dissemos a ele que se contassem aos outros, nós o mataríamos, devido a situação ele acreditou fielmente no que dissemos, soltamos ele 30km antes da cidade, pra ele voltar pra casa refletindo tudo o que fez e nós fomos nos reunir com os outros, para tramar nossa vingança!
Continua...

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